Este artigo é um review da câmera Pentax 67II. É a minha câmera favorita e a que uso para fazer os meus retratos. O modelo que tenho é uma câmera SLR cujo projeto é de 1998. Este é o último modelo de uma longa história de Pentax 67’s desde a primeira de 1969. Em muitos pontos ainda é a mesma câmera do ano em que o homem pisou na lua, mas em muitos outros, é um evolução.
Acima de tudo, a Pentax 67, seja ela qualquer versão, é uma SLR que usa filme 120 e 220 e gera fotogramas de 6 por 7 centímetros.
À primeira vista a Pentax 67II tem sua construção quase toda em metal e dá uma sensação de ser muito bem construída. Diferentemente das P67 (vou passar a chamar assim) versão I, o modelo de 1992 é um pouco mais leve por possuir algumas partes em plástico. Mesmo assim, isso não afeta a aparência de robustez que a câmera tem.
Na P67II o corpo também fica um pouco mais moderno e a câmera ganha uma tela LCD em cima que mostra o ISO do configurado na câmera e em qual quadro do filme estamos. Como este modelo é um pouco mais moderno, já possui este conforto de possuir uma tela de crista líquido.
O corpo possui alguns detalhes emborrachados, que como sempre vão ter uma tendência a soltar com o tempo. Este é caso da minha câmera.
Para funcionar a câmera precisa de duas baterias CR123. Sem alimentação nem obturador nem fotômetro funcionarão. Isso já denuncia uma das desvantagens da P67II, o fato de ser semi eletrônica. apesar de possuir várias partes mecânicas, o coração desta câmera é eletrônico, por isso, se algum dia algum componente queimar, adeus. Ela vira um belo peso de papel.
Ergonomia
A Pentax 67II apresenta uma grande evolução em relação aos modelos 67I. Temos nela um encaixe para a mão direita no lado direito do corpo. Nos modelos anteriores ficava difícil segurar a câmera com firmeza sem adquirir uma manopla de madeira comprada separadamente. Este encaixa para mão foi um grande avanço.
A manopla ainda pode ser encaixada na Pentax 67II, avaliada neste review, mas o uso da câmera sem a manopla tão prejudicado como era nos modelos mais antigos.
Como a câmera é bem grande, pode ser difícil a operação por fotógrafos(as) de mãos pequenas. Os botões de disparo têm bom tamanho e bom posicionamento, tendo junto de si uma chave para ligar e desligar a câmera ou acionar um timer de 10s de disparo.
O botão de disparo possui rosca para disparadores remotos, e tem dois níveis de pressão. No primeiro nível o fotômetro é ligado, no segundo nível a câmera dispara. Este botão é bem sensível (pelo menos no meu modelo) o que pode causar disparos não solicitados.
A chave de controle de velocidades fica no canto superior esquerdo da câmera e é a parte que menos me agrada. É definitivamente muito irritante ter que tirar a mão da objetiva toda vez que necessário um ajuste de velocidade.
Usando a Pentax 67
Todas as Pentax 67 pode possuem variação de velocidade de 4s a 1/1000s. Há também o modo bulb para longas exposições. Na 67II há um modo T (chamado de P.S. Time) que permite a feitura de longas exposições sem que o botão de disparo precise ficar pressionado, como acontece no modo bulb.
Há também a vantagem de economia de baterias usando o modo T ao invés do bulb, já que não há consumo significativo de energia pela câmera quando fazendo uma longa exposição usando este modo. Esta função foi pensada principalmente para os fotógrafos de astronomia, e a Pentax 67II se tornou uma câmera querida por quem produz este tipo de imagem.
Outra função disponível na câmera é a de dupla exposição. Ao avançar o filme (através da alavanca de avanço) segurando o botão de dupla exposição ao lado do botão de disparo a cortina do obturador é armada sem que o filme avance, possibilitando assim duplas exposições.
Ao carregar filme na câmera você deve escolher qual filme está usando, fazendo pressão na placa de pressão traseira e arrastando para os lados. Por isso, filmes 120 e 220 podem ser usados, os primeiros produzindo 10 poses por rolo e o segundo 21 poses por rolo.
Para ajustar o ISO da câmera, o botão de ISO deve ser pressionado concomitantemente com o botão de aumento ou decréscimo acima. Você pode ver qual ISO está sendo configurado checando a tela de cristal líquido.
Como disparar a câmera sem filme carregado?
A Pentax 67II não funciona normalmente sem filme carregado, mas há uma maneira de disparar o obturador sem filme, com a tampa aberta. Basta avançar a alavanca de filme segurando o botão de dupla exposição. Se esta operação foi realizada com sucesso o obturador poderá ser disparado com a tampa aberta.
Prisma e fotômetro da Pentax 67II
A Pentax 67II vem com um prisma removível que tem embutido em si um fotômetro. No prisma, há a opção de escolher entre fotometria matricial, ponderada ao centro e pontual. Há também uma chave para compensação de exposição no topo do prisma.
O tamanho da “janela” de visão dentro do pentaprisma é gigantesco. Certamente uma das melhores partes de se fotografar com esta câmera. O visor é tão grande que facilita até mesmo a focagem, algo que deveria ser bem complicado em uma câmera de quadro tão grande.
Falando em focagem, o vidro despolido também é facilmente removível. A Pentax disponibilizou vários despolidos diferentes para o gosto do fotógrafo. Por exemplo, há um despolido com indicador de foco bipartido e um outro com microprisma (este sendo o meu).
Comparado ao prisma com fotômetro das 67 modelo I, temos grandes evoluções aqui. A exibição da régua do fotômetro é feita em números iluminados na cor verde. É possível também ver que velocidade está configurada dentro do visor.
Uma grande evolução no fotômetro
Nos modelos antigos da 6×7 havia somente um “palito” que apontava para um sinal de + ou -. Adicionalmente, nos prismas com fotômetro dos modelos antigos não havia a opção de usar diferentes modos de exposição, nem chave de compensação de exposição. A parte da fotometria é sem dúvida uma das maiores vantagens da Pentax 67II em relação aos modelos anteriores.
Nos modelos antigos a comunicação entre prisma e câmera é semi mecânica. O prisma possui um pino que encaixa numa corrente no corpo e esta corrente era movida pelo anel de diafragma da lente. Esta configuração traz diversos problemas, entre eles a dificuldade de trocar o prisma rapidamente, por receio de estragar o mecanismo. na 67II houve um grande salto nesta área.
Fotmato 6×7
As Pentax 67II são basicamente uma tentativa (bem sucedida) de fazer transformar uma SLR 35mm e uma câmera de médio formato. Como resultado a Pentax conseguiu com sucesso trazer quase todos os elementos de usabilidade de uma câmera 35mm para o médio formato.
Se você está lendo este review, provavelmente já sabe das vantagens das câmeras de médio formato. Ter uma grande área de captura da imagem, no caso 6 x 7 cm, garante mais resolução e nitidez.
As Pentax 67 trazem todas as vantagens de usabilidade das câmeras 35mm, mas com um sensor gigantesco. A ergonomia é certamente a melhor possível (comparado a outros sistemas de médio formato), com a única diferença de ser maior e mais pesada que uma câmera 35mm.
Sistema de lentes Pentax 67
Em primeiro lugar a baioneta das Pentax 67 é única. Todas as lentes disponíveis para esta baioneta só encaixam nestas câmeras. São dois tipos de encaixe disponíveis nas lentes. O encaixe interno presente em todas as lentes mais comuns, e um encaixe que se prende à parte externa do bocal da câmera, mais resistente, presente nas teleobjetivas maiores (e mais raras) para o sistema.
Todas as objetivas possuem anel de diafragma que fica próximo ao corpo da câmera e marcações de distância para foco. Por causa das profundidades de campo baixas, todas as lentes possuem anéis de longa rotação. Assim a focagem pode ser feita de maneira mais precisa.
Obturadores centrais (leaf shutter)
A Pentax possui duas objetivas com obturador central. Estas foram lançadas a pedido de fotógrafos de publicidade que sentiam falta de um sistema de leaf shutter nas câmeras Pentax. Estas objetivas são a 90mm f/2.8 LS e a 165mm f/4 LS. Atenção: há também versões das mesmas lentes sem leaf shutter. Cuidado ao comprar.
As objetivas mais antigas são verdadeiros tanques de guerra, sendo completamente construídas em metal, até mesmo nos anéis de foco e diafragma. Todavia nas lentes mais recentes a Pentax decidiu usar material emborrachado para cobrir o anel de foco. Na minha opinião estas lentes mais novas possuem construção inferior por causa deste detalhe.
Veja aqui a lista de lentes lançadas para o sistema Pentax 67.
Uso de flashes e sincronismo
Se faz muito uso de flashes, pode ser que a Pentax 67 não seja uma boa escolha como câmera. Fora as lentes com obturador central (leaf shutter) que citei acima, a Pentax só vai conseguir sincronizar com o seu flash até 1/30s.
A Pentax 67II tem um plug de comunicação genérica para flashs (para cabo PC) e dois contatos que aceitam um flash específico da Pentax, que possui capacidade de TTL (medição de luz pela lente junto com a câmera).
Manual da Pentax 67II
O manual da câmera não possui versão em português, mas o funcionamento é simples o suficiente para que o fotógrafo consiga operar todas as funções básicas do equipamento (e até algumas avançadas) sem a leitura completa do manual. No entanto, esta leitura é recomendada.
Conclusão sobre a câmera
Acima de tudo, saiba que sou suspeitíssimo para falar da Pentax 67II. É a minha câmera preferida e é a que uso para fazer meus retratos.
A P67II é uma câmera absolutamente portátil, levando em conta seu tamanho e peso (1,66kg com pentaprisma, sem lente). Por isso, posso indicar com tranquilidade para ser usada em situações onde seja necessário movimentar-se pelo ambiente com a câmera. No entanto, em situações onde não seja possível descansar a câmera de vez em quando, seu peso pode cansar e muito o fotógrafo.
Não é necessário tripé para fotografar com uma 67, todavia, tempos de exposição maiores que 1/250s podem ser problemáticos. Devido ao peso e tamanho da câmera, bem como o baque que o espelho gera, fotos com tempos maiores que 1/250s na mão podem ficar tremidas.
Profundidade de campo diferenciada
Se você preza por longas profundidades de campo, saiba que na maioria das lentes normais (entre 75 e 150mm) você irá precisar usar aberturas conservadoras para atingir tal efeito. Algo entre f/8 e f/16 (ainda assim sem que tudo fique em foco). Por isso prepare-se para usar filmes com ISO alto (400 ou mais), principalmente em situações de baixa luminosidade.
Focagem difícil, mas ok
A focagem com uma 67 é facilitada em relação a outras câmeras de médio formato, mas não por isso é fácil. As baixas profundidades de campo mesmo em aberturas conservadores vão exigir de você uma atenção especial na hora de focar. Definitivamente não serve para situações onde o objeto esteja em movimento, sob o risco de foto fora de foco.
Se você usa pouco flash, ela quebra o galho
Definitivamente, a Pentax 67II não é uma câmera de studio. O lugar onde ela brilha de verdade é em externas, fotografando cenas dinâmicas para uma médio formato. O uso de flashes pode ser avaliado mas se você é mesmo um fotógrafo que faz uso maciço do flash, talvez o melhor mesmo seja comprar uma Hasselblad ou outra câmera com obturador central.
Uma resposta em “Pentax 67: review e manual geral da câmera + Vídeo”
[…] minha Pentax 67II, por exemplo, posso escolher entre estas duas medições. Escolhendo a medição matricial, tudo […]